segunda-feira, 28 de março de 2011

Jogo 1: FSF vs. Foradori

FSF 2004 vs. Foradori 2006

 A abertura do campeonato fez-se em ambiente de descontracção. A equipa de arbitragem não estava sequer vestida a rigor, como se nota numa das fotos abaixo, em que o pé do Brutal Juiz se apresenta listrado. Os dois vinhos, incógnitos, apresentaram-se ligeiramente abaixo das expectativas. A diferença entre ambos notou-se logo no copo. O primeiro vinho mostrou-se com um belo tom entre o rubi e o grená. O segundo era mais escuro e misterioso.

Com o nariz bem enfiado no copo do primeiro vinho, era possível sentir uma explosão de frutas vermelhas, baunilha e algo vegetal (o Brutal Juiz apontou o alecrim, esta vossa Voz Autoral apontou a sálvia). O outro copo exalava algo como frutos negros e cereja, com notas de tabaco.

Ainda não se adivinhava o prolongamento.

Agora a prova. Quando o primeiro vinho entrou na área ao ataque, a bola foi ao poste. A explosão de frutos vermelhos ficou bem atrás na defesa e só se sentiram umas notas subtis de ameixas secas, ainda que com um fim de boca muito prolongado e bem agradável, em que apareciam também as azeitonas verdes para a recarga. Os taninos eram como a Holanda dos anos 70, capazes de um jogo bem afinado e elegante, com chuteiras de veludo. Pena não ter mais corpo.

Quando chegou a altura do segundo vinho contra-atacar, fê-lo timidamente. Fechou-se sempre muito na defesa, mesmo depois de uma hora no decanter. Os frutos negros estavam lá, mas só serviam para cortar a bola para fora. O fim de boca não passava do meio-campo, mas revelava violetas e amoras. O vinho fazia lembrar as glórias lusas dos anos 60, não pelo fino recorte técnico, mas pela constituição física. Faltava corpo a este magriço.

Depois do apito final. Os jogadores tinham recolhido
aos balneários. Nota para o pé do Brutal Juiz.

Chegou a altura de votar e a Voz Autoral, não percebendo muito do assunto e já com dois copos a toldar-lhe o juízo, achou que o primeiro vinho era o italiano e que o segundo era o português. Porém, decidiu não levar isso em conta e resolveu-se prontamente pelo que mais lhe aprazia: o vinho número um! O Brutal Juiz hesitou e, cinco minutos depois, votou no segundo vinho. O jogo foi para prolongamento mas não foi preciso recorrer aos penaltis. O Brutal Juiz concedeu que a sua escolha estava demasiado fechada e pronunciou-se a favor do primeiro vinho. O apito soou e foi revelado o vencedor: segue em frente o FSF 2004 que, ao que parece, se portou ainda melhor depois de respirar um pouco mais.

2 comentários:

  1. Foi uma partida mesmo sem graça. Sinceramente, esperava mais do Foradori. Estive em Alto-Adige há 5 anos atrás e lembrava de um Teroldego robusto e profundo, muito mais interessante que o atual (pelo menos em minha vaga memória). O FSF, por sua vez, lembrou-me bem de nossa visita à região de Setúbal ano passado no verão: sol forte, calor intenso, resultando num vinho de frutos demasiado maduros e que, infelizmente, se sobrepuseram à estrutura típica da uva Syrah de regiões mais frias. Estou de acordo com a Voz Autoral, a falta de corpo é o grande pecado do FSF.

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