terça-feira, 12 de abril de 2011

Jogo 5: McManis Cabernet Sauvignon vs. Domain Saint Gayan

Sexta-feira foi a vez dos franceses e dos americanos entrarem em campo. A partida decorreu a meio gás, já que esta vossa Voz Autoral se encontrava lesionada por via de uma constipação passageira. O nariz entupido, porém, não nos impediu de realizar este quinto encontro.

As duas equipas em campo, a fazerem o aquecimento.
Depois do habitual aquecimento de uma hora em decanter, ambos os vinhos foram servidos. Numa primeira avaliação, era quase impossível distingui-los. Apresentaram-se os dois de equipamento rubi-violeta profundo. Chegou, então, a altura de avaliar o bouquet. O primeiro vinho era extremamente aromático, ocupava o campo todo e tentava chegar à área com passes longos. As notas de cássis, amêndoas tostadas, mel e muita baunilha entravam na área e conquistavam penaltis. O segundo vinho, de acordo com a avaliação desta Voz Autoral, não tinha bouquet. O nariz entupido fez de árbitro-assistente e cometeu a injustiça de anular golos por foras-de-jogo mal assinalados às cerejas, violetas e especiarias tostadas (assim nos informou o Brutal Juiz).

Os equipamentos praticamente iguais.

Na segunda parte, a história foi outra. O primeiro vinho, optou pelo ataque directo do pontapé para a frente e fê-lo de forma tosca e imprecisa. Os sabores a mel e baunilha não se revelaram armas suficientes para ampliar a vantagem e falhavam no fim-de-boca que, apesar de longo, era algo desagradável e estranhamente salgado. Quem não marca, arrisca-se a sofrer. O segundo vinho pegou no jogo e mostrou o que valia. As tabelinhas das ameixas, da fruta abundante e do alcaçuz conseguiam, em jogadas estudadas, preencher todo o campo. O fim-de-boca extremamente longo e os taninos muito finos não perdoavam à boca da baliza e fuzilavam o guarda-redes ao jeito de verdadeiros matadores.

Para variar, o derrotado tarda em regressar aos balneários.

Soou o apito e a decisão não se revelou fácil. Um a um no marcador e obrigação de ir para prolongamento. Esta vossa fiel Voz Autoral argumentava que o bouquet do primeiro vinho, apesar do nariz entupido, dava nas vistas, coisa que não sucedia no segundo vinho. O Brutal Juiz, por seu lado, garantia que o do primeiro era demasiado enjoativo e que o do segundo estava no ponto. Ao contrário do que acontece no futebol, os árbitros do encontro socorreram-se metaforicamente das novas tecnologias e viram a repetição das jogadas. Na verdade, o nariz deste vosso humilde comentador havia assinalado penalti ao teatro da baunilha do primeiro vinho, anulando mal os golos do segundo. Tive que dar o braço a torcer e entregar a vitória ao segundo vinho. Não foi difícil adivinhar qual era qual: fica pelo caminho o McManis, segue em frente o Domaine Saint Gayan. Talvez daqui a uns anos, quando a madeira estiver menos presente e o vinho ficar um pouco mais redondo, seja possível beber melhor o americano.

1 comentário:

  1. Esse jogo foi estranho. Também achei o americano muito agradável no início. A sua fraqueza surgiu depois de algum tempo, mais precisamente quando a acidez se destacou desagradavelmente na boca, causando um total desequilíbrio da tríade fruta-álcool-acidez. Já o D.S. Gayan, que é o meu favorito no campeonato, mostrou-se um vinho elegante e harmonioso, digno do posto de favorito.

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